Saudade Infinita

Xangri-lá-RS

...Quando estamos longe da pátria

nunca a recordamos em seus invernos...

Pablo Neruda

De Confieso que he vivido. Memorias,1974

Mergulho em busca do Nectar

Abelhas:

10 flores por minuto

40 vôos diários

5 gramas de mel por ano

Arquiteto das Palavras

Quem sempre curtiu  Engenheiros do Hawaii e o Pouca Vogal

vai se deliciar com o novo livro de

 Humberto Gessinger  Nas Entrelinhas do Horizonte.

O músico e escritor, em uma edição primorosa, escreve suas crônicas  e

faz a gente refletir sobre ritos de passagem na  infância e por onde andam seus pensamentos

 enquanto vai "carimbando pegadas no chão de Porto Alegre".

Como bom capricorniano, Humberto caprichou e com aquele mesmo jeito tranquilo de cantar e conversar

vai tecendo suas idéias e alimentando a alma de quem tem a oportunidade de 

percorrer as páginas de seu novo livro. 

Luz mágica

Xangri-lá-RS

Namoro

Xangri-lá-RS

Bom Dia

Tempo de Invernar

Foi só o vento frio de inverno começar a soprar  e

num piscar de olhos

sem sair da confortável poltrona em que me encontro

meus pensamentos voam ao vale encantado de Bento Gonçalves.

Fileiras meticulosas de videiras sabem que a chuva fina e gelada se aproxima.

A névoa que toma conta do vale só é dissipada pelos raios de sol quando a manhã se aproxima da tarde

A caneca com café fumegante que aquece minhas mãos 

lembra as chaminés que partem dos telhados em direção ao céu

Chegou o momento dos campos entrarem em hibernação.

Penso nos imigrantes que se instalaram nestes vales gelados

Com seus baús cheios de trapos, focolaros improvisados e mascarolos.

Quantas dificuldades não encontraram para aquí se estabelecer

Que gente corajosa, minha gente, meu sangue.

Meu avô querido

obrigado por insistir em me contar a história de nossa gente,

dos nossos antepassados que para cá vieram em busca de uma vida nova

quando eu ainda pequena nem estava muito interessada em ouvir.

Fragmentos do Tempo

Depois de muito deslizar pela areia no fundo do mar

e dançar no ritmo das marés
o  que restou de um belo caracol
repousa nas areias do Atlântico.
É a fragilidade e a fugacidade da vida
tão bem lembrada por Roberto Ampuero
no excelente romance policial O Caso Neruda  Ed Benvirá

Praia de Gaúcho no Outono

Xangri-lá

Come back soon Mr Buddy Guy

Teatro Bourbon Country

Porto Alegre

15/05/20012

Aos 75 anos o menino da Louisiana

trouxe à Porto Alegre o blues de raiz encantando 

várias gerações com sua guitarra e entoando as mais belas canções dos grandes mestres do blues.

Transformou uma singela terça feira de outono em uma noite memorável.

Resiliência na BR116

É a hora do rush

Relaxe, respire fundo, suspire

Escute a sua música predileta

Vai chegar seguro em casa

Estes senhores encantadores e suas guitarras maravilhosas

Árvores centenárias

Seja nos bosques de Gramado,

nos fragmentos de Mata Atlântica ou

nos caminhos que levam a Fontainbleau

elas fascinam pela textura, beleza e porte avantajado.

Saibas ler o que o mudo amor escreve...

... é apenas um dos versos do livro 50 Sonetos

de William Shakespeare

publicado originalmente em 1973 mas em nova edição 

agora traduzido por Ivo Barroso.

É poesia de verdade

para abalroar corações incautos.

Imperdível como a visão desta rosa

que atraiu meu olhar em uma manhã de domingo.

Belos e iluminados dias de outono

How Deep is The Ocean

O Ovo Perfeito

Colocar um pouquinho de manteiga em uma frigideira.

Com a ajuda de um pequeno copo

retirar o centro de uma fatia de pão de forma.

Dourar a fatia dos dois lado e 

só então quebrar o ovo delicadamente 

depositando-o bem no centro. Se quiser, uma pitada de sal.

Cobrir com uma tampa e aguardar uns minutinhos

até a gema ficar cozida mas deliciosamente cremosa.

Saboroso, honesto e reconfortante.

Velha Infância

É uma música linda da Marisa Monte

mas é também saudade do que ainda não se viveu

ou lembrança daquilo que ficou pra trás

ou a alegria inocente que se vive no presente

Sai da zona de conforto

e escreve aí

mas tem que botar

no papel

não vale digitar.

Uma carta para você mesmo

ou quem sabe um velho amigo,
carta para um grande amor

 ou alguém de quem não tem mais notícias

ou pra quem ainda não conheceu.

Ainda lembra da sua letra?

Já sei, vai ter que voltar

ao saudoso caderno de caligrafia

Não tem a menor importância,
às vezes não reconheço minha própria letra

O que vale é colocar

neste pedacinho de papel

um pouco do que você

carrega aí neste peito.
Vai ficar mais leve.
Enviar pelo correio
ou guardar só pra você?
Só não vale atirar ao vento

Quando as folhas de outono começam a cair...

...perto da minha janela

Obrigado, violinos

Obrigado, violinos

por este dia 

de quatro cordas.

É puro o som do céu,

a voz azul do ar

Pablo Neruda

O mar e os Sinos

Como eu não sei tocar...

                                           ...me resta ouvir e fotografar              ...

Hora de dessalgar o bacalhau

Entre março e outubro

os barcos portugueses

aproveitam a temperatura menos fria

do Atlântico Norte e navegam ao encontro de sua pesca predileta:

o Bacalhau

Depois de pesado, aberto e limpo no convés

vai para o porão para que com cuidado seja salgado

Aqui no Atlântico Sul ainda é quarta-feira mas os preparativos para a Sexta Santa já começaram.

E pra dar início aos trabalhos

lavar o bacalhau em água corrente,

colocar de molho na água fresca e

levar ao refrigerador

trocando a água

sempre que lembrar.

Na hora de preparar

escolha sua receita predileta

e brinde a saúde dos valentes pescadores portugueses

Massa feita em casa:arte prazerosa

Os domingos começam cedo por aquí

a luz do sol recém entrou pela janela

É domingo de outono e os filhos vão chegar para o almoço.

A cozinha ainda perfumada pelo aroma do café .

Os acordes do Globo Rural quebram o silêncio

A tigela onde agrego os ovos frescos à farinha já está sobre a mesa

e  é nela que a massa vai tomando corpo

Hora de salpicar a bancada de farinha e 

sovar delicadamente a "bola de massa".

 O calor das mãos vai deixando a massa cada vez mais lisa

Pausa para meu descanso e da massa também

Ela vai ao refrigerador enrolada em um saco plástico

Eu aproveito meu chimarrão e a leitura da ZH

A massa volta pra bancada e vai sendo aberta

com o rolo que gira em todas as direções

em movimentos rápidos e longos.

É um exercício vigoroso para braços roliços

Não requer força só perseverança

Virar a massa, salpicar com farinha e

mais rolo compressor

Ela vai afinando e adquirindo forma circular

 semelhante

à lua cheia de verão

Hora de cortar em retângulos e 

deixar secar para não grudar

Enrolar os retângulos de massa

formando cilíndros 

e cortar com faca bem afiada

formando tiras com a espessura que preferir:

Parpadelle, Tagliatelli, Fettuccine

Após cozinhar em água fervente

por poucos minutos,escorra e sirva

Sempre Neruda

ODE AO CALDINHO DE CONGRO

No mar
tormentoso
do Chile
vive o rosado congro,
gigante enguia
de nevada carne.
E nas panelas chilenas,
na costa,
nasceu o caldinho
encorpado e suculento
proveitoso.
Levem para a cozinha
o congro esfolado,
sua manchada pele cede
como uma luva
e ele fica descoberto
então
o cacho do mar
o congro macio
 reluz
já desnudo,
preparado
para nosso apetite.
Agora
recolha
 alhos,
acaricie primeiro
esse marfim precioso,
cheire
sua fragrância irada
então
deixe o alho picado
cair com a cebola
e o tomate
até que a cebola
fique da cor de ouro.
Enquanto isso
cozinham-se ao vapor
os régios camarões marinhos
e quando tenham chegado
ao seu ponto,
quando o sabor coalhou
em um molho
formado pelo sumo
do oceano
e pela água clara
eliminada pela luz da cebola,
 então
que entre o congro
e se submerja na glória,
que na panela
se unte,
se contraia e se impregne.
Agora só é preciso
deixar no manjar
cair o creme
como uma rosa espessa,
e ao fogo lentamente
entregar ao tesouro
até que no caldinho se aqueçam
as essências do Chile,
e à mesa
cheguem recém-casados
os sabores
do mar e da terra
para que neste prato
você conheça o céu.

Poema de Pablo Neruda extraído do fantástico livro de
Isabel Allende  Afrodite: contos receitas e outros afrodisíacos
Editora Bertrand Brasil

Estrela do verão 2012

Aqueles que sonham acordados tem consciência que escapam aos que apenas sonham adormecidos 

Edgar Allan Poe

Gift from the sea

O invulnerável mar de março

Xangri-lá

Inesquecível céu de fevereiro

Céu de Xangri-lá

27/02/12

Tarde de tempestade

Um vento forte

vindo do sul

trouxe negras nuvens

varrendo a costa

oferecendo novas nuances

de um céu intenso

Placas de bruma que vinham do mar

pincelavam a lente da minha câmera

enquanto pequenos flocos de espuma

convidavam a maresia pra dançar e trazer de volta

a beleza do sempre bem-vindo arco-íris

Como são belas as tardes e noites de tempestade

a beira mar

Debandada

Eis que o feriado acabou

volta o silêncio absoluto

a água cristalina

a liberdade das ondas e

a companhia das gaivotas

Tradicionalistas gaúchos a beira mar

Xangri-lá 16/02/12

Passarelas para o mar

Bela de qualquer ângulo

Xangri-lá

Faixa prateada

Lua cheia de verão

rastro prateado sobre o mar

ilumina noites sombrias e solitárias dos pescadores

Noites de estrelas frias

Ah este ar do céu na noite

enquanto o mar faz redemoinho
e golpeia o casco e a costa sem piedade

o vento

ensina o idioma da água ao homem bom